Mano Brown, dos Racionais MC's, vacilou brabo na entrevista ao "Roda Viva" nesta segunda de noite. Apesar de todo o discurso militante da banda, ele se mostrou totalmente individualista, só quer saber da vidinha dele. Quando lhe cobraram em cima das letras que canta, Mano saiu pela tangente várias vezes e numa delas disse que "em primeiro lugar era uma rima", o que provocou risos dos entrevistadores.
Ele justificou a bandidagem, defendeu os traficantes de maneira enviesada com um discurso de que era a única opção que eles tinham e o mesmo em relação aos que roubam. Nem estou cobrando nesse sentido porque ele até tem razão. Se o moleque é escorraçado em sinal quando é novinho e tem que batalhar o rango de cada dia, ele tem mais é que roubar mesmo. Vai morrer de fome? Mano disse que não há violência na favela de Capão Redondo porque os manos se respeitam, o que parece uma fala meio utópica, mas acertou quando diz que, nas condições atuais, só a própria comunidade pode erradicar a violência de seu interior. Mas aí entra a tal declaração do militar do Bope no documentário ''Notícias de uma guerra particular'' que Wagner Moura lembra na capa do Segundo Caderno de hoje: "enquanto o único braço do poder público que sobe a favela for a polícia não haverá solução."
Mano Brown fugiu da pergunta sobre se os Racionais fazem algum trabalho social dentro das comunidades para ajudar jovens a não cair nas garras do crime e o telespectador ficou sem saber se ele é atuante no campo social a exemplo de MV Bill, um cara aqui do Rio que leva seu discurso para a prática. Ele contou que produz discos de muitos nomes das comunidades pobres e que sempre lhes diz para serem sempre sinceros ou vão ser cobrados. Ele mesmo se disse muito cobrado, mas não disse exatamente por quem e nem de que maneira responde a essas cobranças. Se for como no Roda Viva, ele é um mestre em falar sem dizer quase nada.
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